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Do Jô Onze e Meia ao nosso primeiro festival de jazz
A música sempre foi a tradução das minhas emoções.


Começou com os discos de vinil do meu pai e nas guaranias na casa dos meus abuelos, Aparício e Lili, em Caacupé, Paraguai.
Com o tempo, percebi que cada momento tem sua trilha sonora, seja para a tristeza, a alegria, a viagem, ou mesmo no chuveiro.
Minha imersão em um gênero musical pode durar temporadas, do samba raiz ao rock argentino. Mas a história com o jazz começou de um jeito diferente.
Não foi uma escolha, foi uma memória plantada no bairro do Morumbi, em Foz do Iguaçu. Lá, entre a Mercearia Grellmann do meu avô Ilvo e a kuka quentinha da avó Elida, as noites terminavam com os primos assistindo Jô Soares Onze e Meia.
E foi ali, sem que eu soubesse, a primeira nota.
O primeiro contato com uma paixão raramente é um raio. É um som de fundo. Para mim, foi o Sexteto do Jô na TV. Eu não sabia que era jazz. Não sabia nada. Mas o sinal estava lá.
Nem sempre o que gostamos nos é tocado de maneira lógica; é preciso sensibilidade para sentir.
Anos depois, a imersão pela cultura deu nome àquele sentimento. Em um dos Corujões da Globo, estava passando o filme "O Talentoso Ripley", lá assisti a minha primeira jam session.
A simbiose, o improviso, a energia. Eu não entendia a técnica, mas entendi o que eu queria: vivenciar aquela troca.
Aquele desejo, antes invisível, ganhou um contorno.
O que você pode fazer agora?
Para mim, a oportunidade surgiu anos depois, em 2010, numa noite livre em minha primeira viagem à trabalho para São Paulo.
Uma pesquisa no Google me levou ao mítico Bourbon Street Music Club (só voltei 14 anos depois).
Ir sozinho, sentar no balcão, trocar ideia com o James e mergulhar naquela atmosfera foi o primeiro passo concreto.
Foi a ação que transformou a paixão platônica em experiência real. Aquele primeiro passo abriu a porta para aprofundar.
A curiosidade virou uma roadtrip pela Route 61 com então minha namorada, na “The Route of Music”. De Georgia, a Memphis, de Nashville, a Clarksdale, o berço do blues, até New Orleans.
Estar na fonte de onde nasceu o jazz, na Bourbon Street original, foi o ápice. Foi ali que de consumidor de cultura plantou a semente de se tornar um produtor.
A ideia do nosso próprio festival de jazz nasceu dessas vivências.
Pássaros nascidos em gaiolas acham que voar é uma doença.
IA da Vez: Suno.com
Já que estou falando de música, uma ferramenta muito interessante é a Suno, com um simples prompt você consegue criar músicas com melodias inteiras.
Ainda não utilizei profissionalmente mas já fiz algumas músicas com as letras que eu crio para meu filho, ficaram incríveis.
O hábito de cultivar a curiosidade
A jornada do jazz não começou com um plano, mas com a permissão para ser curioso sobre um som na TV. Cultivar a curiosidade é um hábito. Significa anotar o nome de um filme, pesquisar um artista, ler um tópico no Reddit sobre um tema aleatório. Pequenos atos de curiosidade são as sementes de grandes projetos.
Da Bourbon Street ao I 100fronteiras JAZZ Festival
O jazz nasceu da fusão.
Da dor do blues africano com a harmonia dos instrumentos europeus no norte das Américas em um estado dos Estados Unidos que por um tempo foi território francês.
É uma música de fronteira.
Viver na Tríplice Fronteira é respirar isso todos os dias.
É permitir-se ao ouvir o guarani se misturar com o português e o espanhol.
É ver culturas distintas criando algo novo e único.
Trazer o jazz para cá não é importar um estilo, é reconhecer a mesma filosofia que moldou este lugar: a de que as travessias mais incríveis acontecem nos encontros.
Por isso te convido a celebrar essa troca no dia 31 de outubro no IV 100fronteiras JAZZ NIGHT e dia 01 e 02 de novembro no nosso primeiro 100fronteiras JAZZ Festival.
Te vejo na próxima travessia!
— Denys Alex
Meu objetivo com esta newsletter é criar um espaço para conversas que importam. Se o tema de hoje te tocou, a melhor forma de fazer essa conversa crescer é compartilhando com alguém que você acredita que vai se conectar com as ideias. Obrigado por ler até aqui.
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