• 100fronteiras.AI
  • Posts
  • Como conversar com a IA para que ela trabalhe de verdade para você

Como conversar com a IA para que ela trabalhe de verdade para você

Aprender a escrever bons prompts é a chave para transformar a IA em um parceiro real — e não apenas em um gerador de textos genéricos

Quando comecei a usar Inteligência Artificial, lá em 2023, percebi algo óbvio, mas que muda o jogo:

A qualidade da resposta depende diretamente da qualidade da pergunta.

E beleza disso é que, às vezes, o que a sociedade vê como um "ponto fraco" pode se tornar sua maior fortaleza.

Para mim, esse foi o caso do TDAH.

Fui diagnosticado depois dos 30 anos e, de repente, décadas de desafios fizeram sentido. 

Comecei a aprimorar as ferramentas que eu já tinha criado intuitivamente para me manter focado e produtivo. 

Com a IA, essa adaptação ganhou um poder que eu não imaginava.

Hoje, vejo meu TDAH como uma vantagem competitiva. 

A minha capacidade de criar conexões distantes, misturando ideias que parecem não ter relação, é o combustível perfeito para a IA. 

Eu entrego o caos criativo de um pensamento não-linear; a IA me devolve estrutura, clareza e resultados inesperados.

É por isso que a "Engenharia de Prompt" não tem a ver com ser programador; tem a ver com clareza mental e, principalmente, repertório. 

Seu repertório é único.

Os que mais conseguem extrair valor da IA não são os mais jovens ou programadores. 

São aqueles experiência de vida, capazes de gerar um contexto rico e original.

Insight: A arte de saber pedir: domine a Engenharia de Prompts

Pense em um prompt não como uma pergunta, mas como o início de uma conversa estratégica.

A qualidade da sua interação com a IA depende diretamente da qualidade dos prompts que você fornece.

A fórmula que destrava o potencial da IA é:

Persona Específica + Instruções Claras + Negociação Iterativa + Formato Definido

Quanto mais você reflete sobre esses pontos, menos tempo gasta corrigindo e mais rápido alcança resultados.

Os quatro pilares para você se destravar de vez, são:

  1. Dê um rosto à IA: Persona
    Atribuir um papel específico à IA estabelece o tom, o estilo e a perspectiva da resposta. Em vez de um generalista, você conversa com um especialista.

Antes: “Me ensine a reter conhecimento.”

Experimente: “Você é Barbara Oakley, engenheira e especialista em neurociência da aprendizagem, conhecida pelo curso ‘Aprendendo a Aprender’. Usando essa persona, explique as três estratégias mais eficazes para aprender qualquer assunto, detalhando como alternar entre o modo focado e o modo difuso do cérebro pode potencializar o aprendizado, e dê exemplos práticos de como aplicar cada técnica no dia a dia.”

  1. Seja claro e específico: Instruções

    A IA não lê mentes, ela interpreta texto. Instruções vagas geram respostas vagas. Quebre tarefas complexas em etapas e seja explícito sobre o que você quer.

Antes: "Me ensine sobre engenharia de prompt."

Experimente: “Explique, com base nos princípios do curso ‘Aprendendo a Aprender’, quais são os cinco pilares essenciais para aprender (engenharia de prompt) um novo assunto de forma eficiente. Para cada pilar, detalhe: o conceito, uma técnica prática para aplicar no dia a dia, e um exemplo de como essa técnica pode ser usada para estudar matemática. Mantenha a linguagem clara e acessível para quem está começando a explorar métodos de aprendizagem.”

  1. Abrace o Diálogo: Negociação iterativa

    O segredo dos experts é nunca aceitar a primeira resposta. A primeira versão da IA é apenas o ponto de partida. Use a resposta dela para refinar seu próximo pedido, criando um ciclo de melhoria.

Prompt Inicial: “Crie um esboço para um workshop sobre como aprender melhor, baseado nos conceitos do curso ‘Aprendendo a Aprender’.”
Resposta da IA: (Gera um esboço básico)

Refinamento 1 (Seu Próximo Prompt): “O esboço está bom, mas aprofunde nos conceitos dos modos diferentes do cérebro. Inclua exemplos práticos de como alternar entre eles durante os estudos, e adicione atividades para ajudar os participantes a identificar quando estão em cada modo.”

Refinamento 2: “Ótimo. Agora, adapte o conteúdo para professores do ensino médio que querem aplicar essas técnicas em sala de aula. Adicione uma seção sobre como ensinar os alunos a lidar com a procrastinação usando a técnica do Pomodoro.”

  1. Controle o Resultado: Instrução

    Especifique explicitamente como a resposta deve ser estruturada. Isso combate a tendência da IA de falar demais e entrega a informação no formato exato que você precisa.

Experimente: “Crie um plano de aula sobre técnicas de aprendizagem eficazes, inspirado no curso ‘Aprendendo a Aprender’, para estudantes do ensino médio, seguindo exatamente esta estrutura: Título da Aula, 4 Objetivos de Aprendizagem, 5 Conceitos-Chave com definições (incluindo modo focado, modo difuso e prática espaçada), Atividade Introdutória de 5 minutos, Exercício Prático, e Sugestões de Discussão em grupo.”

Lembre-se: a IA é, em sua essência, uma calculadora de probabilidades de palavras. 

Ela sempre dará uma resposta. 

A qualidade e a veracidade dessa resposta dependem dos dados que você fornece no prompt.

Bônus: Veja esta técnica em ação

Na edição 02, comentei sobre o Manus e sua capacidade maravilhosa de criação.

Aproveitei o tema dessa edição e uni com o Manus para conseguir entregar a você uma forma de aprendizagem mais interativa.

Para provar o poder disso na prática, tive uma ideia enquanto escrevia esta newsletter:

Decidi criar um guia visual justamente para facilitar a retenção do conhecimento e tornar o domínio da engenharia de prompt mais acessível.

E o melhor? Usando exatamente as técnicas que descrevi aqui, criei este site com a Manus em menos de 10 minutos.

Perguntar direito é o primeiro ato de inteligência.

Se você tem dúvidas de como formular a pergunta perfeita, peça ajuda à própria IA.

Diga: "Aja como um especialista em engenharia de prompt e me ajude a criar a melhor pergunta para obter [descreva seu objetivo]".

Você vai se surpreender.

Engenharia de prompt não é sobre truques secretos.

É sobre organizar o próprio pensamento.

A IA só pode devolver a clareza que você entrega.

E isso, com treino, vira uma habilidade de altíssimo impacto.

IA da vez: Google AI Studio

O Google AI Studio é a plataforma avançada do Google baseada nos modelos Gemini.

Seu diferencial está na alta capacidade de personalização dos prompts e em uma enorme “leitura” de contexto (limite de tokens), permitindo analisar textos extensos, vídeos ou grandes bases de dados de uma só vez.

Ideal para construir projetos robustos ou fazer pesquisas profundas.

Hoje, nossa conversa é sobre a tradução de mundos. Como se constrói uma ponte entre a adrenalina do esporte, a sobriedade do poder e a velocidade do mercado?

Nosso convidado é um mestre nessa arte. Ele não apenas transita, mas atua como o ponto de clareza na confluência de universos que raramente dialogam

Fábio Canhete é o profissional que se chama quando a narrativa precisa ser não apenas contada, mas sentida e compreendida por públicos completamente distintos.

Sua habilidade se revela tanto na arena do esporte, transformando a disciplina de atletas da canoagem em histórias de superação para o Brasil e a América Latina, quanto nos bastidores do poder, onde estrutura a comunicação estratégica para figuras do cenário político.

O que me fascina em seu perfil é a compostura.

Em ambientes onde o ego e a pressão poderiam gerar apenas ruído, Fábio traz foco e execução.

Por meio de sua agência, a 3FRONT, ele transforma ideias em ações, seja orquestrando discretamente encontros entre ministros do STF e TST, seja dando forma e voz a campanhas audiovisuais para dezenas de marcas.

Sua trajetória nos ensina que a comunicação mais eficaz não é a que grita mais alto, mas a que constrói a conexão certa, no tom exato.

É uma alegria recebê-lo aqui.

5 perguntas para mentes que atravessam fronteira com Fábio Ricardo Canhete

1. Fábio, você atua como jornalista, assessor de imprensa na canoagem e na política, e ainda lidera uma produtora audiovisual. Vive cruzando fronteiras profissionais que parecem muito distintas. Qual é a conexão invisível, o fio condutor ou a habilidade central que você carrega no seu "passaporte" para navegar e ter sucesso em todos esses mundos?

São mundos muito distintos, mas com algo essencial em comum: a forma como a atenção é disputada — seja com um atleta, um político ou um cliente. Meu foco sempre foi enxergar a pessoa por trás do cargo ou da posição, tratando todos com respeito e humanidade. Quando lidamos de forma horizontal, com verdade e transparência, o resultado aparece naturalmente.

Costumo dizer que o maior sucesso vem de prometer apenas o que pode ser cumprido, falar a verdade e nunca vender ilusões. No caso dos atletas, o maior desafio é sempre no período pré-olímpico — momento de alta expectativa. Por isso, procuro cuidar ao máximo da exposição e alinhar bem com a imprensa, para que a expectativa criada seja realista.

Com os políticos, a dinâmica é semelhante. Próximo ao período eleitoral, o trabalho é mostrar o que foi feito. Como atuamos com responsabilidade durante todo o mandato, sem criar promessas vazias, o reconhecimento acaba sendo uma consequência.

E com os clientes, especialmente no marketing digital, o cuidado é o mesmo. Muitas vezes o cliente deseja algo fora da realidade, e nosso papel é explicar o que é possível, entregar isso com excelência — e, sempre que possível, superar essa entrega. Esse comprometimento gera confiança. Só para comparar: enquanto a média do mercado tem entre 50% e 60% de troca de clientes por ano, nós mantemos esse índice abaixo de 10%.

2. Você já viajou o mundo a trabalho, cobrindo de Olimpíadas a eventos políticos, mas sua base e suas raízes estão em Foz do Iguaçu, uma terra que é, por si só, uma fronteira. Como essa experiência global transforma a maneira como você enxerga a nossa região? E, inversamente, qual lição ou característica de Foz você leva consigo que te ajuda a entender o resto do mundo?

Sempre digo: quanto mais eu conheço o mundo, mais valorizo Foz do Iguaçu e a nossa região. Temos tudo para ser um dos melhores lugares do mundo — de verdade. Mas ainda enfrentamos dois grandes desafios: a chamada “síndrome do sucatinha” e a falta de um alinhamento estratégico para pensar a cidade de forma unida. Essa ausência de visão coletiva abre espaço para aventureiros — alguns bem-intencionados, outros nem tanto. Mas, no fundo, isso acontece porque muitas vezes não colocamos nosso DNA em defesa do lugar onde vivemos.

Foz do Iguaçu é uma cidade turística por natureza, mas precisamos ampliar essa visão. Não basta depender das Cataratas ou da Itaipu. É possível criar mais atrativos — e nem precisam ser grandes. Pequenos pontos bem pensados já transformam a experiência do visitante. Basta olhar para Gramado: foram os próprios empresários que construíram tudo por lá.

Aqui temos uma realidade curiosa. Em toda cidade, a prefeitura costuma ser como uma “mãe”. Às vezes, é uma mãe rica e presente. Outras vezes, é uma mãe com poucos recursos, que exige mais esforço dos filhos para ajudar a casa a crescer. Em Foz, temos uma mãe que não é pobre — e mais que isso: temos uma "avó" rica, que é a Itaipu Binacional. E quando você tem uma avó rica que te dá tudo, existe o risco de ficar acomodado.

Só que o papel da avó não é sustentar pra sempre — é dar condições para que a gente cresça, se desenvolva e caminhe com as próprias pernas.

Nossa diversidade cultural é um ativo valioso. Podemos explorar isso melhor: criar bairros temáticos, valorizar a nossa história. Temos personagens incríveis, como Alberto Santos Dumont, cuja genialidade e espírito inovador mereciam um museu à altura em nossa região. Pouca gente sabe que ele esteve em Foz do Iguaçu e se encantou com as Cataratas, influenciando sua visão de mundo. Precisamos transformar essas histórias em produtos turísticos, culturais e educacionais.

Foz tem potencial de sobra. Falta apenas acreditarmos de verdade — e nos unirmos — para fazer acontecer.

3. Como assessor de imprensa, especialmente no esporte de alto rendimento e na política, seu trabalho é encontrar clareza no meio do caos. Em um momento de alta pressão — seja uma derrota inesperada, uma crise de imagem ou a euforia de uma vitória — qual é o seu processo para filtrar e encontrar a história essencial que precisa ser contada?

A melhor resposta sempre será a verdade — contada sob a nossa perspectiva. Enfrento crises praticamente toda semana, seja no campo político ou no esportivo. Mas você nunca vai me ver batendo boca com um profissional da imprensa por causa de uma reportagem que não saiu como gostaríamos.

Quando isso acontece, entendo que talvez eu não tenha conseguido comunicar bem a minha versão dos fatos. Claro, há exceções — principalmente na política — em que lidamos com pessoas mal-intencionadas, que preferem o caos e muitas vezes atuam por oportunismo. Mas, nesse caso, são figuras que com o tempo se tornam folclóricas. A própria sociedade e o meio acabam reconhecendo e filtrando esse tipo de comportamento.

4. Sua carreira não é uma linha reta, mas uma coleção de novas explorações. Você poderia estar confortável apenas em uma de suas áreas, mas continua buscando. O que alimenta essa "mente inquieta"? É uma pergunta, uma curiosidade ou uma insatisfação que te impulsiona a atravessar a fronteira para o próximo projeto?

Eu não gosto de ficar parado. Me considero um produtor nato — gosto de estar em movimento, pensando, realizando. Também tenho uma afinidade natural com a gestão de crises, é algo que me desafia e me motiva. Todos os trabalhos em que atuo acabam envolvendo um pouco dessas duas características.

Trabalhar em áreas distintas me proporciona uma visão mais ampla e me dá repertório para encontrar soluções futuras. Eu poderia atuar em uma única frente, mas gosto de estar em várias, porque muitas vezes elas se conectam. Um exemplo: em uma viagem com o deputado, identificamos a possibilidade de criar um centro de canoagem. Ele se interessou, decidiu apoiar, e um trabalho acabou impulsionando o outro. Essas conexões fazem a diferença.

Mas é importante dizer que eu não faço nada sozinho. Montei um time operacional na minha empresa que me apoia diariamente. Somos oito pessoas, e eles são meus braços para que tudo aconteça. Acho que, com o tempo, aprendi a delegar, a confiar, a ensinar — e principalmente a entender que liderança não é fazer tudo, mas fazer com as pessoas certas ao lado. Se eu tentasse tocar tudo sozinho, com certeza não daria conta.

5. A seção se chama "5 perguntas para pessoas que atravessam fronteiras". Depois de cruzar tantas fronteiras geográficas, profissionais e pessoais, qual fronteira você acredita que é a mais difícil — e a mais importante — que uma pessoa precisa cruzar dentro de si mesma para conseguir crescer de verdade?

Acho que a primeira fronteira que a pessoa precisa superar é a força de vontade. A segunda, é a paciência — porque nada se constrói com pressa.

Sou formado em jornalismo, mas no início não atuava na área. Tive uma oportunidade na época com a Vision Art, com o Mauro Hanzen e o Rudi Favaretto. Foi ali que, de fato, aprendi a fazer jornalismo. Eu já tinha uma visão de mundo um pouco mais ampla, por já ter conhecido alguns países, e lembro que o Mauro até me perguntou por que eu estava ali. Respondi: “Hoje, você precisa de alguém que receba pouco. E eu preciso de experiência.”

Na época, eu ganhava 50 reais por reportagem — e nunca reclamei. Porque no início de uma carreira, muitas vezes, é necessário abrir mão do retorno imediato. Poucos sabem, mas na canoagem também houve um período em que trabalhei dois anos sem salário.

É por isso que sempre falo: é preciso dedicação e paciência. Resultados consistentes vêm com o tempo — e com entrega verdadeira.

Talvez minha vida não tenha sido tão caótica, é apenas o mundo que é, e a única armadilha real é se apegar a qualquer coisa dele. A ruína é um presente. A ruína é o caminho para a transformação.

Do filme Comer, Rezar, Amar

A força que vem das raizes

Crescer na Tríplice Fronteira é viver entre mundos. 

Mas, por algum tempo, eu senti vergonha de um desses mundos.

Não sei explicar o porquê, mas na infância, sentia que os “amigos” da época rejeitavam meu sangue paraguaio, e isso me fez querer esconder minhas raízes.

Contudo, essa vergonha era só da boca pra fora. 

Por dentro, a história era outra.

Um dos meus primeiros grandes ídolos no futebol foi um paraguaio, o goleiro Chilavert, que personificava a garra guaraní

E meu primeiro pedido de presente que me marcou? 

Uma camisa da seleção Albirroja

Ela foi um símbolo silencioso do orgulho que eu ainda não sabia como expressar.

Os anos passaram, e o que era um ponto de conflito se revelou um superpoder.

Hoje, eu me redescobri. 

Entendi que ter nascido bilíngue, pensando e sonhando em português e espanhol, é algo mágico. 

Essa dualidade me permite sentir em casa não apenas no Brasil, mas em quase toda a América Latina. 

É uma conexão profunda com parte das minhas raízes que, além de libertadora, engrandece quem eu sou.

E a lição que a fronteira me ensinou é esta:

Nunca se envergonhe de onde você veio ou de quem você é. 

Suas raízes, suas vivências e suas "diferenças" não são suas fraquezas. 

Elas são a fonte da sua força e da sua perspectiva única no mundo.

É exatamente aí que mora a sua beleza

Até a próxima travessia.

— Denys Alex

Reply

or to participate.